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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pa$tor Malafia e seu jatinho de U$ 12 milhões

O lúcido e combativo jornalista Hélio Fernandes (irmão do não menos lúcido e combativo Millôr) escreveu no site de seu jornal Tribuna da Imprensa, no dia 03/01/2010:

Pastor Malafaia, compra avião de 12 milhões de dólares



Nem vou dizer que saiu na coluna do Góis, é a terceira vez que cito o colunista esta semana, acaba advertido, já que citado por mim não é nada divertido.

Só que considero humilhação o pastor poder comprar avião de 12 milhões, mesmo de dólares. A “fúria” e a forma “avassaladora” com que “pede” dinheiro aos “companheiros da fé”, mereceriam um jato muito mais abrangente e dominador dos ares.

Palavras preferenciais (repetidas de forma autoritária) do pastor: “Vocês precisam nos ajudar com suas contribuições, pois só assim podemos ajudá-los. Este programa é nosso, vocês contribuem para que eu possa levá-los no caminho de Deus”. Agora, com o avião, esse caminho será percorrido em muito menos tempo.

E o que se pode dizer disso? Parece que “bom” Pa$tor, além de paladino do televangelisto, demostra bastante altruismo. Repetindo o grande Frei Betto: ele está tão convencido de que só ele enxerga a verdade que trata de forçar os demais a aceitar o seu ponto de vista…e pagar por ele!

Pessoalmente, me espanta a forma pouco cristã e arrogante do citado evangélico nos horários pagos da televisão comercial. Ele não debate, impõe "verdades". Além disso, seguindo na esfera dos fundamentalistas (veja-se o artigo de Frei Betto em http://www.voltairenet.org/article122917.html), ele não apresenta argumentos, mas vocifera; não propõe, determina; não opina, ajuíza; não sugere, ordena; não discorda, censura; não advoga, condena e fala muito mais em Satanás - no fim o grande aliado de quem quer dominar mentes pelo medo - que na bondade de um Deus Pai compreensivo e amoroso.

Mas vivemos em tempos surreais… Onde as pessoas de bem estão presas enquanto a marginália (de tantas modalidades diferentes, desde o assaltante de rua até os grandes ladrões da nação) estão soltas, onde, como dizia Einstein, é mais fácil quebrar um átomo que acabar com um preconceito e onde, em nome do Deus universal – que recebe tantos nomes e é compreendido de tantas formas conforme a capacidade de cada cultura – agora surgem auto-entendidos "novos" representantes demagógicos, a quem causa repulsa palavras como tolerância, compreensão, ecumenismo e fratenidade, e fazem de sua suposta sapiência profissão a ser paga, e bem paga, à maneira dos sofistas.
Enquanto um Doutor precisa ter ao menos um curso supererior e suficiente bagagem intelectual, e passa desapercebido nesse nosso pais, para ser um Pastor conhecido basta saber tanger e manipular um rebanho que, diante das mazelas da modernidade, têm medo de pensar…

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