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sexta-feira, 30 de junho de 2023

Portal do José: Bolsonaro, ao ser condenado pelo TSE em 30 de junho, começa a pagar pelos seus crimes! O voto demolidar de Moraes abrem as portas da prisão para o golpista....

 

Do Portal do José:

30/06/23 - ACONTECEU! BOLSONARO AGORA É TETRA! TETRA INELEGÍVEL. MAS ISSO É SÓ O COMEÇO! Analisarei o impacto do voto de Moraes. Antes ameaçado e agora, algoz, Xandão riu por último! Sigamos!



quarta-feira, 28 de junho de 2023

Portal do José: Vergonha da direita! Coronel golpista humilhado na CPMI e o voto pela cassação de Bolsonaro

 

Do Portal do José:

27/06/23 - DIA HISTÓRICO DA REPÚBLICA. BOLSONARO À BEIRA DA CASSAÇÃO. CORONEL GOLPISTA HUMILHADO ENVERGONHA EXÉRCITO NA CPMI! CHAMOU MORAES DE FDP. NÃO FOI BOA COISA. LIXÃO RECEBERÁ MAIS GENTE. LULA: LIVE AINDA DEIXA MUITO A DESEJAR. BC: está feia a coisa. Lira? Protegido até quando? Sigamos.




segunda-feira, 26 de junho de 2023

Ana Cláudia Laurindo escreve sobre a alquimia sócio-política brasileira

 

A ausência dos brasileiros altruístas será ocupada em cada canto por um fascista de extrema direita simpatizante do autoritarismo, da misoginia, da intolerância extrema propagada pela direita embolorada de princípios nazistas.

Do site Repórter Nordeste:

Alquimia sócio-política brasileira


Por Ana Cláudia Laurindo

Quando essa lama pegajosa criada pelo ódio nos deixará dormir?

Por mais que tentemos elencar as maravilhas do existir, os transgressores da liberdade, dos direitos, da paz coletiva desse país, seguem ferindo, causando pânico e matando, espalhando pesadelos.

Quando as dores sociais surgem de tantos ângulos, afetando nosso humor e diminuindo a confiança e a esperança, atingimos o limite do suportável e precisamos nos amparar em redes de afeto, para não adoecermos profundamente.

Aqueles que estão pilhando a história desse Brasil contemporâneo parecem não adoecer, talvez porque já sejam parte da doença. Contudo, a ausência dos brasileiros altruístas será ocupada em cada canto por um fascista simpatizante do autoritarismo, da misoginia, da intolerância extrema propagada pela direita embolorada de princípios nazistas.

Cada voz maviosa se tornou necessária, precisamos que cantem e embalem a alegria de continuar, apesar de…

Cada escrita potente, precisa sair da mente, virar código gráfico, preencher os espaços das redes sociais, onde a mídia online recruta gente.

Resistentes, mas cuidadosos, atentos, conscientes dos riscos de cada momento, sem perder as floradas e os frutos das conquistas.

Quando o mal nos grita sua vitória mostrando mais um adolescente assassino ceifando violentamente a poesia da juventude estudantil brasileira e o feminicídio se tornou morte anunciada em  vídeo, precisamos reagir com a luta coletiva em defesa da vida.

O crime não poderá ser banalizado.

A revolta não deverá nos paralisar!

Use sua forma de encanto e dissemine acolhida, até que nos encontremos em um grande abraço nessa hora que nos parece perdida.

Outros e outras estão nas lides. Nas lutas parlamentares, na defesa institucional da terra e dos filhos que os mares e rios geraram. Nós, povo brasileiro estamos em luta!

Identificando o político perverso que utiliza a democracia para reverter seus propósitos e macular seus princípios, na busca do pesadelo ditatorial, usurpador de direitos e distribuidor de sentenças criminosas, estamos aprendendo sobre votos, eleições e candidaturas.

Somos lutadores, sim. Mas merecemos pausas, descansos, ludicidade, cultura, música, poesia e qualidade de vida material para acessar estas coisas.

Querem nos envolver diuturnamente nas querelas vulgares, nas violências e afetações da alma, para deixar o campo livre aos insensatos, inimigos do próprio povo.

O Brasil merece nosso cansaço, lágrimas e lamentos, mas também precisa da nossa alegria, esperança e contentamento existencial.

Ás vezes parece que estamos no meio de uma emboscada, e neste ponto o acesso à inteligência convoca as sabedorias herdadas. Não fique sozinho nas trincheiras cinzentas, busque ajuda, procure fortaleza.

Não dá para resumir em letras este momento de ataques, mas o amor que nos guiou até esta subida nunca falhou como comburente, fonte de energia e conquista de horizontes encobertos. Nesse amor eu acredito, segurada nele preciso seguir.

Quero te encontrar no caminho. Não desista de nós.


A elite arrogante brasileira prefere ser pária global a ser protagonista pelas mãos de um ex-operário nordestino. Leia o artigo de Paulo Henrique Arantes

 

A imprensa progressista não hesitará em criticar Lula, sempre que motivo houver, mas enxerga nele a probabilidade de avanços civilizatórios reais

Luiz Inácio Lula da Silva

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Texto de Paulo Henrique Arantes

Lula não está blindado pelos veículos de imprensa progressistas. Conhecendo os jornalistas que os integram, pode-se afirmar sem chance de errar que equívocos do presidente serão apontados, que desvios do seu governo serão denunciados, que resultados serão cobrados. A forma como tem lidado com a Câmara de Arthur Lira, por exemplo, não agrada a este colunista, apesar das enormes dificuldades perante uma casa majoritariamente reacionária. 

Por ora, contudo, em regra o que se vê é um governo que busca trazer o Brasil para o rol das nações civilizadas. Não se pode esquecer de que até sete meses atrás o presidente brasileiro negava a eficácia de vacinas, duvidava de urnas eletrônicas, enaltecia  torturadores, insultava mulheres e todas as minorias, estimulava o desmatamento e tantos outros horrores. 

O potencial econômico do Brasil e sua natural liderança na área ambiental estão novamente sendo exibidos ao mundo. Lula tem vez e voz no palco internacional.

A imprensa tradicional, por sua vez, acusa o presidente de apregoar valores ultrapassados, como igualdade e justiça social, de querer baixar os juros em nome do desenvolvimento econômico - olhem só! - e de outras coisas só defendidas por esquerdistas. Em nítido surto de um rodrigueano complexo de vira-latas, acusa-o de megalomania. 

Quando recebeu solenemente Nicolas Maduro, gesto talvez exagerado, Lula viu os jornalões anunciarem seu isolamento peremptório no cenário global. As visitas, as reuniões e os discursos do presidente brasileiro na Europa, semana passada, mostram o quanto essa imprensa descola-se da realidade e erra feio nas apostas.

O problema real é o de sempre: a elite brasileira, representada pelos jornalões e emissoras familiares, prefere ser pária global a ser protagonista pelas mãos de um ex-operário nordestino. O preconceito explica tudo.

Um conhecido deste colunista foi embora do Brasil em março. O idiota fugiu de Lula, foi respirar os ares “sem corrupção” da França. Imagina-se a expressão do sujeito, um desinformado, ao dar de cara com o barbudo discursando para uma multidão aos pés da Torre Eiffel. Com expressão de “como assim?” deve ter recebido a notícia de que a S&P elevou o rating brasileiro. Católico que odeia pobre, certamente sentiu saudades do anticomunista Karol Wojtyla ao ver Jorge Bergoglio congratular-se com o político que saiu da cadeia para subir rampa do Planalto ao lado de índios, pretos e outras gentes.

A imprensa progressista não hesitará em criticar Lula, sempre que motivo houver, mas enxerga nele a probabilidade de avanços civilizatórios. Já a outra imprensa, dita tradicional, prefere comportar-se como meu conhecido que foi embora do Brasil, ainda que neste solo permaneça.

Fonte do texto: 247


terça-feira, 20 de junho de 2023

Artigo de Juliana Dal Piva, no UOL: Heleno integrou grupo de militares que discutiu ação golpista, diz coronel

  "O general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo de Jair Bolsonaro (PL), fez parte de um grupo de Whatsapp com militares da ativa e da reserva no qual foram discutidas ações golpistas, como a ideia de uma intervenção do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para impedir a posse de Lula (PT). A existência do grupo foi revelada ao UOL pelo coronel aviador reformado Francisco Dellamora, que atacou o senador, o presidente e o STF."

Seguem trechos do artigo de Juliana Dal Piva em sua coluno no UOL:


1º.jun.23 - O ex-ministro do GSI general Heleno participa da CPI do 8 de janeiro na Câmara Legislativa do DF  - Gabriela Biló /Folhapress
1º.jun.23 - O ex-ministro do GSI general Heleno participa da CPI do 8 de janeiro na Câmara Legislativa do DFImagem: Gabriela Biló /Folhapress


 O general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo de Jair Bolsonaro (PL), fez parte de um grupo de Whatsapp com militares da ativa e da reserva no qual foram discutidas ações golpistas, como a ideia de uma intervenção do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para impedir a posse de Lula (PT). A existência do grupo foi revelada ao UOL pelo coronel aviador reformado Francisco Dellamora, que atacou o senador, o presidente e o STF.

 Chamado "Notícias Brasil", o grupo do qual fazia parte também o general da reserva Sérgio Etchegoyen, que comandou o GSI no governo Michel Temer (MDB), existiu até 8 de janeiro de 2023, dia dos ataques às sedes dos Três Poderes.

De acordo com o coronel, Heleno lia as mensagens, mas não se manifestava sobre as iniciativas golpistas.

"Esse [Rodrigo] Pacheco é o maior canalha do Brasil hoje porque ele não fez o que tem que fazer. Esse cara vai passar para história e para as leis da história do Brasil porque ele não deixa o Congresso fazer o que tem que ser feito. Porque tem que cassar. Ninguém tem que respeitar ninguém do STF não. Tem que cassar. São bandidos. Não existe Justiça no Brasil. Existe uma quadrilha instalada no STF", afirmou à coluna.

O general Heleno disse ao UOL que não se recorda do grupo e que nunca ouviu "essas histórias de que se vai decretar intervenção". "Não sei quem participou. Internet é um negócio que você começa a responder uma porção de coisas, mas nunca participei disso".

"Eu não me lembro de ter lido essas mensagens porque não me lembro desse grupo. O coronel Dellamora está muito velho. Não sei a importância que ele tem no quadro político nacional hoje"

General Heleno, que, no entanto, afirmou que "conhece bem" Dellamora.

Segundo Dellamora, a base para uma intervenção e até um adiamento da posse de Lula seria o relatório das Forças Armadas sobre o sistema das urnas, apresentado em novembro de 2022. O Ministério da Defesa divulgou o documento dizendo que a equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação não apontou nem excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral do ano passado.

"Nós não consideramos legal [a eleição]. Consideramos o STF [Supremo Tribunal Federal] na ilegalidade. O TSE [Superior Tribunal federal] na ilegalidade. E todos os dias eles praticam mais um ato de ilegalidade. Invadiram os escritórios do senador Marcos Do Val", diz, sem mencionar a ordem judicial do ministro do STF Alexandre de Moraes para a operação de busca e apreensão na quinta passada (15). "Nós não entendemos como se pode tirar um cara da cadeia para ser presidente da República. O bandido, condenado, em dúvida nenhuma", afirma. "Você não viveu 64. Agora, 64 é um pinto perto da ditadura que está instalada no Brasil", completa.

As condenações contra Lula foram anuladas, e o petista foi eleito em outubro de 2022 em uma eleição legítima. Desde que as urnas eletrônicas passaram a ser utilizadas no país, jamais foi comprovada fraude nas eleições brasileiras.

O anseio por alguma ação contra a posse de Lula se seguiu até 8 de janeiro. Segundo Dellamora, existia uma expectativa de greve ou da eclosão de um movimento que, na visão dele, permitisse o "uso da lei e da ordem", uma referência a uma interpretação equivocada para o uso do artigo 142 da Constituição como um poder moderador pelas Forças Armadas, o que é falso.

No entanto, a partir desse dia, um brigadeiro, que era o administrador do grupo, encerrou o canal de troca de mensagens, de acordo com o coronel. Dellamora não quis revelar o nome do responsável pelo grupo.


Trocas de mensagens desde o impeachment de Dilma.

Segundo Dellamora, o grupo foi criado em 2016 durante o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e visava uma troca de informações entre militares para que os oficiais da reserva, em certo modo, assessorassem os oficiais da ativa. Depois continuou ao longo dos anos até acabar em 8 de janeiro. 

"As pessoas que estavam na ativa, como ele [Heleno], não se pronunciavam [no grupo]. Inclusive, quase todo dia que eu escrevia alguma coisa e às vezes eu olhava para ver quem tinha lido. Teve um dia que ele leu três vezes, mas ele [Heleno] não se pronunciava", afirma Dellamora.

O coronel revela que Heleno se manifestou no grupo apenas na ocasião da nomeação do ministro Nunes Marques para o STF.

"A única vez foi porque ele foi pressionado —aliás, erradamente. Eu não teria feito isso, mas no grupo uma autoridade, um general, questionou sobre a escolha do ministro porque ele não teria, digamos, o perfil que a gente esperava para fazer um contraponto [no Supremo]", disse.

Heleno, segundo Dellamora, afirmou que aconselhou Bolsonaro a indicar outro nome, mas que seria necessário confiar no então presidente. O ex-ministro justificou aos colegas de farda que Bolsonaro tinha mais experiência política do que os demais. 

O general Heleno afirmou que não se lembra de ter se manifestado nem do grupo.

Além de Etchegoyen e de Heleno, estavam no grupo, segundo o coronel, cerca de 40 militares entre oficiais da ativa e da reserva — integrantes do Estado-Maior, do Ministério da Defesa e militares da área de Informações da Aeronáutica. Ele não quis informar outros nomes à reportagem.

Outro lado. O general Etchegoyen disse ao UOL que se manifestou poucas vezes no grupo e que não lembrava sobre o que tinha falado aos colegas de farda. Negou, porém, ter se envolvido nas discussões sobre a possibilidade de uma intervenção.

"Esse grupo específico, se é o que eu estou pensando, 'Notícias Brasil', é um grupo do qual eu fazia parte porque me botaram, aquelas coisas que tu fica com vergonha de sair, constrangido de sair", afirmou.

"Eu me manifestei lá uma ou duas vezes", continuou Etchegoyen. "Mas sobre intervenção, eleição, pelo amor de Deus, eu virei melancia porque achei que a eleição estava encerrada e que o presidente [Lula] tinha que assumir", disse o general. Melancia é uma referência aos militares que foram criticados por não defender publicamente ações golpistas. Na gíria interna, vermelho (cor associada a partidos de esquerda) por dentro e verde por fora.


"Nunca discuti este assunto [intervenção para adiar posse de Lula] em nenhum grupo"

Sérgio Etchegoyen, general da reserva.

 Militares cometeram crime?

Para Thiago Bottino, professor do direito da FGV (Fundação Getulio Vargas), em tese, a situação de Heleno, como ministro, pode configurar prevaricação, mas uma investigação do Ministério Público Federal deveria ser instaurada para identificar outros crimes como associação criminosa.

"Quando o funcionário público toma conhecimento da prática de um crime ele tem o dever de reportar", afirma Bottino. Mesmo sem responder as mensagens, ao ler, ele toma consciência e, segundo o professor, poderia ter tomado a iniciativa de sair do grupo.

"É preciso verificar também se ocorreu uma coordenação com outras pessoas e colaboração ou se instigou atos violentos, o que também poderia configurar associação criminosa"

Thiago Bottino, professor do direito.

'Ninguém estava tramando golpe', diz coronel

Na visão de Dellamora, as discussões no grupo de Whatsapp não eram golpistas. "Ninguém estava tramando golpe. A gente estava só conversando", disse. "Nós o tempo todo buscamos formas dentro da Constituição para evitar a continuidade de um golpe", afirmar Dellamora, sem conseguir explicar como isso seria possível.... 

 Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/juliana-dal-piva/2023/06/20/heleno-integrou-grupo-de-militares-que-discutiu-acao-golpista-diz-coronel.htm

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Coluna de Igor Gadelha, no Metrópoles: Bolsonaro teve 2 encontros com Villas Boas após derrota nas eleições enquanto militares discutiam golpe contra Lula

 

Jair Bolsonaro se reuniu ao menos duas vezes com general Villas Boas enquanto auxiliares presidenciais discutiam golpe contra Lula


 atualizado 


                                                                                                                                                                         Foto: Isac Nóbrega/PR


O ex-presidente Jair Bolsonaro teve ao menos dois encontros com o general da reserva Eduardo Villas Boas em dezembro de 2022, enquanto auxiliares presidenciais e outros militares discutiam um possível golpe para evitar a posse de Lula.

As duas conversas aconteceram em Brasília, na casa de Villas Boas, que sempre foi considerado um dos principais conselheiros de Bolsonaro, sobretudo sobre o meio militar. A primeira reunião entre eles ocorreu em 7 de dezembro. A segunda, no dia 20.

Naquela época, como revelaram agora as mensagens do celular de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e outros militares próximos a ele defendiam que o então presidente acionasse as Forças Armadas para evitar a posse de Lula.

As mensagens, periciadas pela Polícia Federal, também mostram conversas de teor golpista entre Gabriela Cid, mulher de Mauro Cid, e Ticiana Villas Boas, filha do general. No diálogo, elas incentivavam invasão de caminhoneiros em Brasília.

E - ao contrário do que profetizaram os pastores de Bolsonaro e seus militares e políticos de extrema-direita - o tal do mundo não se acabou, por Luís Nassif

 

    O mercado de opinião não os trata como bons ou maus dirigentes, mas como baratos ou caros. Se uma administração é superavaliada, chega o momento em que o mercado se dá conta de que não é tão boa assim. Começa então um ajuste de preços para baixo, com ênfase a qualquer notícia negativa. E vice-versa.



Segue o artigo de Luis Nassif (publicado no Jornal GGN):

São curiosos os movimentos de aprovação e desaprovação de governantes ou dirigentes em geral. O mercado de opinião não os trata como bons ou maus dirigentes, mas como baratos ou caros. Se uma administração é superavaliada, chega o momento em que o mercado se dá conta de que não é tão boa assim. Começa então um ajuste de preços para baixo, com ênfase a qualquer notícia negativa. E vice-versa. Se se percebe que o governo (ou a empresa) está muito barato, há um processo de melhora na avaliação, até o momento em que passa a ser considerado novamente caro.

O governo Lula estava muito barato, com intensa cobrança por resultados imediatos. Começou uma reavaliação que veio de fora e, agora, começa a se espalhar pelo mercado. Pregadores do fim do mundo foram desmoralizados, houve um notável avanço na entrada de capitais, há melhora nas estimativas do PIB e boas perspectivas de aprovação da reforma fiscal. A ponto de parte do mercado apostar em revisão da taxa Selic para agosto.

Em breve, o governo vai ficar caro de novo, porque nem a economia estava tão ruim como se pregava no início do ano, nem está tão boa como pressupõem as novas avaliações.

O fator Roberto Campos Neto continua vivo, com uma insistência tal na Selic a 13,75% que fortalece as hipóteses de boicote ao governo Lula, para permitir a volta do ultraliberalismo de Paulo Guedes. Há uma quebradeira em curso, pegando pequenas, médias e grandes empresas. E uma inadimplência que, mesmo se negociada, não devolverá de imediato poder de compra ao brasileiro. Ao menos enquanto prosseguir essa taxa Selic em dois dígitos.

A partir do segundo semestre, no entanto, é possível que haja o deslanche de uma série de projetos, criando um horizonte mais confortável para a economia. Um deles será a retomada de obras públicas paralisadas. Outro, os investimentos em novas energia, especialmente de capitais chineses. Também serão colhidos os primeiros frutos das viagens internacionais de Lula.

Espera-se um detalhamento maior do novo plano industrial, esboçado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, assim como o deslanche dos financiamentos à agricultura de alimentos e o novo plano de investimentos da Petrobras.

Mais importante, é a noção de que caiu a ficha de Lula sobre a relevância de administrar a política no dia-a-dia e de conferir uniformidade de comando ao seu Ministério. Mesmo sendo integrado por Ministros de diversas orientações, trata-se do Ministério de um presidente único. A freada de arrumação, por enquanto, resume-se à disciplina no anúncio de novas políticas. Falta ainda bastante para se chegar à engrenagem do governo Lula 2, no qual ministérios tocavam por música, agindo de forma interativa.

Ponto importante é que o negativismo entranhado da mídia, um vício terrível, potencializado pela era dos likes de redes sociais, começa a cansar e a ser revisto por algumas redações. Em breve, o movimento de alta do governo Lula atingirá os veículos mais envolvidos com a retórica do caos.

De qualquer modo, como dizia Assis Valente, anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar. E o tal do mundo não se acabou.


O significado do apelo antifascista de Charles De Gaulle no 18 de junho de 1940, por Daniel Afonso da Silva

 

O “não” do general De Gaulle, no 18 de junho de 1940, estimulou uma resistência mundial ao nazismo, ao fascismo e à fúria de Hitler.



O significado do apelo do 18 de junho de 1940

por Daniel Afonso da Silva (publicado no Jornal GGN)

O apelo à razão, proferido por Charles De Gaulle, na BBC de Londres, no 18 de junho de 1940, representa um dos gestos políticos mais relevantes e eloquentes do século XX. Diante da ofensiva nazista e da capitulação do governo francês, o futuro general fugiu da França para a Inglaterra e na qualidade de militar francês herói da Grande Guerra de 1914-1918, apresentou, diante da hecatombe francesa, a singela pergunta aos ouvintes do mundo inteiro: “teria a França dito a sua última palavra?” Ele perguntou e respondeu: “não”. Um “não” sonoro. Um “não” convicto. Um “não” histórico. Um “não” que deu início à resistência moral e intelectual mundial aos movimentos de Hitler.

Dessa convicção moral e intelectual, anos adiante, o inesquecível André Malraux chamaria a atenção para a importância da “força do ‘não’ na História”. E lembraria se tratar de um “não” que apenas estadistas conseguem encarnar e suportar.

Um “não” que altera o curso de destinos humanos. Um “não” que faz lembrar que a mediocridade da servidão não pode nem deve superar a imensidão da honra, do bom-senso e do interesse superior de pessoas, pátrias, nações e civilizações. Um “não” que tange o caráter de sociedades.

Quando as tropas de Hitler devastaram a capacidade militar e estratégica da França em 1940, franceses e europeus com memória, vivência ou cultura para se lembrar do tormento de 1870-1871 e da tragédia de 1914-1918 reconheciam a dimensão e a relevância multidimensionais daquela derrota.

O marechal Pétain, herói da Grande Guerra e guardião dos desígnios da França naquele momento, decidiu capitular frente ao rolo compressor das tropas alemãs. A memória da morte do milhão e meio de franceses no grande conflito de 1914-1918 conduzia o marechal a sucumbir à derrota para, talvez, inibir carnificina similar em 1940. Para muitos, uma postura nobre e digna. Para os resistentes, que ficaram do lado “correto” da História, uma desonra sem palavras. Inicialmente militar, mas também intelectual, moral, cultural, estratégica, política e de decência.

Comparação não é razão – especialmente porque nada talvez seja comparável às intempéries da Segunda Guerra Mundial –, mas quem acompanhou a resistência dos bravos e bravios vietnamitas ou mesmo, mais recentemente, a postura dos russos e ucranianos que, em pleno século XXI, prometem “guerrear até o último homem” pode, retroativamente, notar a dimensão irreconhecível da capitulação dos franceses aos imperativos de Hitler.

O “não” do general De Gaulle, naquele 18 de junho de 1940, gerou estímulos para uma resistência mundial ao nazismo, ao fascismo e à fúria de Hitler. Quem decidiria a sorte do conflito seriam soviéticos e norte-americanos. Homens e dinheiros de Stálin e Roosevelt. Mas o gesto do general francês ficaria marcado como o contraponto das forças profundas da História.

A humilhação de 1870-1871 e de 1914-1918 estraçalhou o moral dos conterrâneos de Voltaire e Clemenceau, mas não eliminou a memória multissecular de dignidade de um povo. Aquela dignidade que impõe “cair em pé”. “Caso se caia, que se caia em pé”, como diz o adágio.

O momento-limite de 1940 conferiu a toda uma geração a opção da dignidade ou da desonra traduzida em conduzir o país da Revolução para a irrelevância ou resistir, inclementemente, “até o último homem”.

Essa resistência imantada no apelo do 18 de junho de 1940 permitiu à França, mesmo derrotada e humilhada, ingressar no hall das grandes nações após o conflito.

Não há enigma nem mistério à razão do ingresso da França como membro-permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, principal organismo internacional, saído de 1945. Não há enigma nem mistério à razão da manutenção da França como referência intelectual em todo o planeta durante toda a Guerra Fria – e, em parte, menos, mas ainda, depois. Não há enigma nem mistério para o quase ocaso da influência da França e dos franceses neste quarto do século XXI.

Perdeu-se, paulatinamente, após o “não” francês à intervenção norte-americana ao Iraque em 2003, o sentido, a nobreza e a profundidade do “não” na História. A pasteurização cultural promovida pela aceleração da globalização tornou frações da França e de franceses incorrigivelmente derrotados da mundialização. O mercado e as finanças parecem ter corroído o sentido da dignidade política também nas paragens de Tocqueville.

A morte do general De Gaulle, em novembro de 1970, deixou um vazio imenso, mas a sua falta hoje parece ser mais intensa que outrora. Quase nenhum mandatário no mundo hodierno consegue se arvorar nos passos do velho general francês. O presidente Lula da Silva talvez tenha sido o único a estar às portas sê-lo.

Em seus mandatos do início do milênio, o retirante de Garanhuns e líder sindical do ABC, tornou o Brasil um dos países mais respeitados e respeitáveis do planeta. Em grande parte, pela força da palavra tangida por uma imensa dignidade de convicção.

Resta saber se agora, vinte anos depois do início de seu primeiro mandato em 2003 e mais de oitenta do apelo do 18 de junho de 1940, o presidente brasileiro vai seguir se mirando no exemplo do significado do gesto do general francês reafirmando o “não” à desonra como princípio de dignidade.

Daniel Afonso da Silva é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo e autor de “Muito além dos olhos azuis e outros escritos sobre relações internacionais contemporâneas”.

Chico Buarque e a geração que lutou contra a criminosa ditadura militar, por Urariano Mota

 

A maioria das pessoas talvez não saiba, mas com Chico Buarque existe uma geração resistente que está nos seus 70 e poucos anos.

Divulgação

Chico Buarque  e a geração que lutou contra a ditadura

por Urariano Mota (publicado no Jornal GGN)

Neste 19 de junho, Chico Buarque completa 79 anos de idade. Que tempos difíceis ele viveu e vivemos, do passado ao presente!  O quanto ele soube e sabe se portar com dignidade humana, artística e política, em meio à desesperança da ditadura, primeiro, e sob o novo fascismo que voltou com Bolsonaro. Chico venceu, e tem vencido, em uma dimensão maior que a do Prêmio Camões, que por justiça e unanimidade chegou para ele e para todos nós, que nos sentimos alcançados por sua glória. A maioria das pessoas talvez não saiba, mas com Chico Buarque existe uma geração resistente que está nos seus 70 e poucos anos. E penso também nos mais jovens, em nossos bravos do presente, com quem atravessamos estes dias, de antes e depois da ditadura.

Por isso penso que o Prêmio Camões e o aniversário de Chico Buarque são um brinde para todos. Como falam os populares da torcida do Corinhians, “é nois!”. Portanto, é para toda a nossa geração dos 15 aos 80 anos, Ou mais. E para os que atravessamos a tormenta dedico estas linhas do romance “A mais longa duração da juventude” a seguir.   

“Estávamos no carnaval, em um domingo onde tudo era sol, frevos, bebida, promessa de amor rebelado em corpos de mulheres cheias de cores, miçangas, fantasias, que pareciam clamar “dizes o que desejas”. De repente deve ter ocorrido a Zacarelli que toda festa ia acabar, mais cedo ou mais tarde, quem sabe se mais cedo, como um fim inesperado, pois todo fim de gozo é inesperado. Maldito, não importa se ao fim de um padecimento, em que a morte chega com data de calendário. Zacarelli, sem palavras, olhou a rua, viu as moças que passavam aos gritos, aos risos, e sorriu um sorriso triste, que caberia no frevo-regresso que canta ‘adeus, ó minha gente, o bloco vai embora…’. Mas ele não ia se abater pelo aviso do fim da linha do trem, da entrada em um túnel jamais visto, quando a viagem é presente e os vagões cantam os frevos mais lindos e guerreiros de Pernambuco. ‘Rejeito’, ele se disse. Então ele se virou para mim e falou, num êxtase em meio à felicidade que passa:

– Sabe, rapaz? Os cientistas vão descobrir a imortalidade.

A minha cabeça recuou como se houvesse levado um soco direto, antes do nocaute. Devo tê-lo olhado com um ar de quem espera a revelação do mais íntimo segredo de todos os tempos. O mais simples seria lhe dizer ‘fale baixo, se nos escutam, quebra-se o encanto’.

‘As pessoas na rua nem nos veem ainda, mas saberão que traçamos o seu, o nosso futuro’, uma voz do diabo me sussurra. Não estaríamos ali, mais uma vez, tramando o porvir da revolução assim como nos anos da ditadura? Me ocorre agora. Ali, como em Olinda, nesse carnaval conspiramos pela boa-nova do socialismo mais radical: a imortalidade comunista para todos e todas as classes. E na ditadura, como agora, os alienados de nada sabem. Antes, das denúncias de torturas e assassinatos. Agora, para a redenção definitiva, me parece na hora, e mais concentrado escuto Zacarelli.

– A história da ciência é também a história do prolongamento da existência humana. Toda ciência é para o homem, em última análise. Sim, temos os desvios da bomba nuclear, mas isso é da fase imperialista do capitalismo. Nós lutamos pela antibomba, compreende?

Compreendo, e com os olhos em lágrimas balanço o queixo pelo achado poético e verdadeiro. Nós somos a antibomba. Nós lutamos pela antibomba. Vida, nós te queremos eterna. Que venha a morte, não passará. Por nós, não, maldita, não passarás. Assim como este carnaval, que será eterno enquanto nossa necessidade e o povo do Recife e Olinda existirem.

Pois a vida é o que resiste. Que contradição mais estranha, eu descubro e me digo: a vida, tão breve, é tudo que resiste. Mas que paradoxo: se ela está no tempo que se dirige para o fim, se ela é naquilo que deixará de ser, como resistirá à Irresistível? – É que existe uma resistência na duração do momento, pela intensidade, luz ou cintilação do breve.

A resistência, que é vida, se faz na brevidade pelas ações e trabalho dos que partiram e partem. Mas nós, os que ficamos, não temos a imobilidade da espera do nosso trem. Nós somos os agentes dessa duração, o trem não chegará com um aviso no alto-falante, ‘atenção, senhor passageiro, chegou a sua hora’. Até porque talvez chegue sem aviso, e não é bem o transporte conhecido. O trem é sempre de quem fica. E porque somos agentes da duração, a nossa vida é a resistência ao fugaz. Nós só vivemos enquanto resistimos”.

Urariano Mota – Jornalista do Recife. Autor dos romances “Soledad no Recife”, “O filho renegado de Deus” e “A mais longa duração da juventude”

Diálogos golpistas de militares bolsonaristas são “absolutamente terríveis”, diz Eliziane Gama

 

Em entrevista, senadora e relatora da CPMI do 08 de janeiro destaca cronograma de depoimentos e questiona presença de Do Val

Jornal GGN:

Edilson Rodrigues – Agência Senado


A divulgação dos diálogos em torno da preparação de um golpe de Estado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o coronel Jean Lawand Junior, ex-subchefe do Estado Maior do Exército, são “absolutamente terríveis”, nas palavras da senadora Eliziane Gama (PSD), relatora da CPMI do 08 de janeiro.

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, a senadora lembra que existia uma cobrança muito intensa em torno da “necessidade de implantação de um golpe no Brasil”. Ela mesma encaminhou um requerimento para ouvir os dois militares.

A senadora destaca que pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) o compartilhamento de dados que não estivessem na fase de diligências. “O ministro Alexandre de Moraes deu a informação para o presidente da CPMI que essas diligências finalizam, possivelmente, em 45 dias e, logo após, ele enviará essas informações para a CPMI”, disse.

Quanto às convocações, Eliziane destaca que foi traçado um cronograma a partir do resultado da eleição, uma vez que todas as datas destacadas na investigação envolvem o questionamento do resultado das eleições.

“Por isso, apresentamos um volume de requerimentos voltados para essa cronologia e tivemos a aprovação. Na segunda remessa, vamos ouvir o G. Dias, depois Flávio Dino, depois o interventor, o (Ricardo) Cappelli. Temos uma fase da investigação, não dá para atropelar”, pontua a senadora.

Permanência “temerária”


Eliziane ressalta que a oposição tenta desviar o foco dos trabalhos quando acusa a bancada governista de omitir informações, como a não convocação do ex-ministro Gonçalves Dias, gravado interagindo com invasores no Planalto.

Além disso, a senadora acredita que a permanência do senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos) na CPI é temerária e que ele “deveria ter a atitude de pedir a saída da comissão” por faltar com as responsabilidades necessárias para o cargo.

A cadeia da impunidade dos crimes da ditadura militar brasileira, ainda que tardiamente, começa a ser quebrada, por Francisco Celso Calmon

 

Ex-delegado do DOPS no ES, criminoso confesso, Cláudio Guerra, é condenado por ocultação de cadáver na ditadura militar



A cadeia da impunidade dos crimes da ditadura militar começa a ser quebrada

por Francisco Celso Calmon

Ex-delegado do DOPS no ES, criminoso confesso, Cláudio Guerra, é condenado por ocultação de cadáver na ditadura militar. *.

A ação penal ajuizada pelo MPF trata do desaparecimento de 12 militantes políticos:  Ana Rosa Kucinski Silva, Armando Teixeira Frutuoso, David Capistrano da Costa, Eduardo Collier Filho, Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, João Batista Rita, João Massena Melo, Joaquim Pires Cerveira, José Roman, Luís Inácio Maranhão Filho, Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto e Wilson Silva.

Coube a iniciativa da denúncia ao procurador da República Guilherme Garcia Virgílio, do MPF em Campos dos Goytacazes, RJ, em julho de 2019. 

A quem a RBMVJ (Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça) louva pela ação e deseja que sirva de exemplo a ser seguido por outros procuradores e advogados.

A Justiça Federal na sentença de 08 deste mês, reconheceu “a imprescritibilidade dos crimes sob apuração, aqui considerados como crimes contra a humanidade (ou de lesa-humanidade), em atenção à Constituição da República, às normas internacionais de direitos humanos e à jurisprudência sedimentada no âmbito dos sistemas global e interamericano de proteção aos direitos humanos”.

São imprescritíveis também as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar. (Súmula 647 do STJ).

O coronel Brilhante Ustra, ídolo de Bolsonaro e de sua corja de nazifascistas, foi o primeiro agente militar da ditadura a ser declarado pela justiça civil como torturador; o coronel Paulo Malhâes, (meu sequestrador), foi o primeiro militar a ser assassinado como queima de arquivo, após começar a confessar crimes da ditadura à CNV; e Claudio Guerra, o primeiro agente do DOPS, a ser condenado pela Justiça Federal.

Sua pena de sete anos de prisão, em regime semiaberto, foi branda, não é exemplar. Diante dos exemplos da Justiça da Argentina soa como desprezível.   

Esse facínora não é um demônio convertido, como rezadeiras de milagres gostariam que fosse. É um oportunista que traçou e executou, com habilidade e inteligência, um roteiro de viés diversionista, no qual se tornou o protagonista, para desviar outros caminhos de investigações, inobstante ter calculado mal o fim, forneceu trilhas úteis, e, quiçá, ainda inexploradas, e confessou seus delitos.

Assassino confesso e pistoleiro a mando. Torturador de presos comuns no ES. Convicto de que bandido deve ser morto.

Enrolou e desviou outros cursos de investigações, à medida que se auto atribuiu muita coisa e encobriu esteiras de outros. Entregou quem já estava morto ou “fichinha”. Não incomodou os seus, daí nada lhe aconteceu. Seu livro e depoimentos contém inverdades e contradições.

Graças a essa ação e condenação não alcançou o seu objetivo  declarado: “Vi quando me chamam de assassino. Destilam ódio e, enquanto for assim, o objetivo de termos uma nova sociedade em que se perdoa os erros que foram cometidos. Teve vítimas fatais dos dois lados”, afirmou Guerra à Folha em 2019.  (Negrito meu).

A sua condenação é a primeira dos agentes de Estado que cometeram as gravíssimas violações de DH na ditadura. Reside nesse pioneirismo a maior importância para o devir imediato da história.

A Justiça de Transição no Brasil foi por etapas, sem planejamento, conexão e continuidade.

1985 marcou o fim institucional da ditadura, 1988 a promulgação da Constituição, 1989 a primeira eleição direta pós ditadura, que elegeu Collor de Mello.

Em 1995 foi constituída a Comissão de Mortos e Desparecidos Políticos, em 2002 a Comissão de Anistia, ambas no governo FHC, e em 18 de novembro de 2011 foi criada a Comissão da Verdade pela presidenta Dilma.

A partir de 10 de dezembro de 2014 os relatórios da CNV foram entregues aos Poderes da República, sendo que as 29 recomendações, em quase sua totalidade, não foram implantadas até o presente pelo Estado brasileiro.

A política e a justiça brasileira andam por paradoxos.

Ao mesmo tempo em que ocorre a sentença do ex-delegado do DOPS, ocorreu também, em 31 de março deste ano, pela Marinha, a suspensão das anistias de marinheiros perseguidos e punidos durante a ditadura militar, em decorrência de uma portaria da ex-ministra Damares – a exterminadora dos direitos humanos.

Contudo, as prisões, os processos instaurados, as investigações em curso, da intentona de 8 de janeiro, vão criando as condições para termos a Justiça de transição de frente para trás ou concomitante.

O que nos cabe, militantes comprometidos com a luta pela justiça de transição, nesta conjuntura, é exigirmos do Estado a aplicação das recomendações da CNV, notadamente as de números 1, 2, 20, 26, 27 e 29.    

Os movimentos Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça, nessa luta desde 2011, o Geração 68 Sempre na Luta, nascido em abril de 2021, a Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia, lançado em julho de 2022, estarão certamente demandando aos poderes do Estado e apoiando na mesma pauta e sentido o Ministério de DH e Cidadania no monitoramento para implementação das Recomendações da CNV.

Em dezembro de 2022 várias entidades lançaram o Manifesto Pela Justiça de Transição, no qual declaramos: Se a justiça de transição não tivesse malogrado no Brasil, provavelmente não teríamos tido 2013, 2016 e 2018, não teríamos ainda hoje os que desconhecem o que foi a ditadura militar e pugnam por sua volta.  

Bolsonaro e o Estado policial não são consequências da Comissão Nacional da Verdade, mas, exatamente do contrário, por não ter havido a criminalização dos agentes da ditadura que cometeram as graves violações dos direitos humanos. **

A inelegibilidade de Bolsonaro está precificada, todavia, isso apenas o afastará da política eleitoral por oito anos.

Seus crimes de genocídios aos yanomamis e às vítimas do covid-19, por consequência de sua política negacionista, embusteira e corrupta, bem como por ter sido mentor ideológico e político da intentona de 8 de janeiro, torna imperativo seu indiciamento e condenação, para que a democracia brasileira seja colocada num outro patamar, no qual golpes ou mesmo tentativas nunca mais se repitam.

Sua condenação e a de todos os militares envolvidos, levará seus heróis sanguinários, Ustra e Curió, todos juntos para o escaninho do esgoto da história.       

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

 *. um resumo sobre Cláudio Guerra: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/claudio-guerra-o-militar-arrependido-da-ditadura.phtml 

**. https://jornalggn.com.br/direitos-humanos/entidades-lancam-manifesto-pela-justica-de-transicao/

sábado, 17 de junho de 2023

Portal do José: A pancada desta sexta! Coronel Cidão de Bolsonaro dança e revela outros fardados golpistas... Pastor diabólico bolsonarista e de mamom ataca Lula em bravata que dá cadeia

 

Do Portal do José:

SEXTA-FEIRA AGITADA. NO UNIVERSO PARALELO DO BOLSONARISMO, coisas de outro mundo acontecem sem parar. O coronel golpista e amigo de CIDÃO, acaba de perder uma mamata nos EUA. Mais do que isso, terá que explicar o que estava planejando contra o Brasil.

A carreira do militar pode estar chegando ao fim. Mas isso não é incompatível com uma cadeia. Enquanto isso, essa gente do mal está solta por todos os lados. Um pastor endiabrado rogou pragas a Lula e a Ministros do STF. Isso é crime? Com a palavra a PF. Sigamos.



CORONEL GOLPISTA https://oglobo.globo.com/politica/not... https://noticias.uol.com.br/colunas/c... O PASTOE ENDIABRADO E DINO https://twitter.com/FlavioDino https://www.em.com.br/app/noticia/pol...

Reinaldo Azevedo: Dallagnol, o "santo" lavajatista evangélico, "fala com Deus" no avião e começou a chuva de PIX na sua conta

 

Da BandNews FM:

 Dallagnol, que anteriormente se comparou a Jesus, agora se compara a Moisés e se apresenta como uma vítima da injustiça humana por todos os males que ele mesmo causou ao Brasil por meio da Lava Jato. Mas se sente amparado por "Deus" por meio do "maná" da chuva de PIX na conta do lavajatista





Lawfare, a suja guerra híbrida via Poder Judiciário explicitada pela Lava Jato de Moro e Dallagnol em artigo de Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça

 

É absolutamente necessário que o rio da persecução penal retorne ao seu leito legal e constitucional

(Foto: Pixabay)

247. - Convidado para  participar do evento A Lawfare na América Latina e contra a Venezuela, em Caracas, tive a chance de falar para uma platéia formada por pessoas de várias nacionalidades que o conceito de guerra híbrida é relativamente recente e que atinge preferencialmente países com fortes forças progressistas utilizando o poder judiciário, lamentavelmente, para atender a interesses econômicos (de uma elite minoritária, especialmente externa). 

A lawfare é um tipo de agressão que não é realizada por meio de armas convencionais, mas por meio de mecanismos de inteligência social e que busca convencer uma comunidade de supostos erros de governança, para criar uma atmosfera hostil a governos legitimamente constituídos. Dessa forma, aquele que causa uma comoção política consegue impor uma mudança de poder para que o novo governo seja mais adequado aos seus interesses. Com a guerra híbrida, o objetivo final de um conflito armado de agressão é alcançado com menos predação e uma narrativa mais legítima: dominação sobre outro estado e sua submissão política e econômica a uma potência estrangeira.

A utilização das instituições judiciárias de um Estado para engendrar a crise social é uma nova tendência neste cenário. Não que a justiça não tenha sido usada politicamente antes, mas hoje a credibilidade das decisões nos processos judiciais é usada para, com a tática de produzir escândalos, deslegitimar atores políticos e até governos. Para que isso aconteça, é preciso que juízes, promotores e polícia judiciária se tornem cúmplices do projeto de agressão híbrida. É assim que se cria a infraestrutura do que se convencionou chamar de “lawfare”, a guerra híbrida através dos mecanismos de persecução penal do Estado.

O que facilita o envolvimento desses agentes estatais é sua visão comumente conservadora. Governos progressistas, de mudança social não correspondem à preferência política de sua maioria. Além disso, seus vínculos com esquemas informais de cooperação internacional com Estados que possuem interesses estratégicos e econômicos dissonantes com as políticas públicas da esquerda do espectro político foram fortalecidos nas últimas décadas, permitindo que órgãos como o Ministério Público mantenham contatos diretos com os governos desses Estados, sem a intermediação diplomática do Executivo que possa proteger a esfera dos interesses soberanos. Esses esquemas de cooperação formarão o veículo para a ação de golpe estrangeiro em cenários de “lawfare” em vários países latino-americanos nos últimos anos.

A chamada “luta contra a corrupção” permitiu tal cooperação com base em convenções internacionais regionais e no nível da ONU, revestindo-se de um discurso moralista para motivar e mobilizar as massas populares. O fato de haver um suposto enquadramento (“framework”) de direito internacional servia para conferir legitimidade às ações abusivas das autoridades penais. Na Operação Lava-Jato, no Brasil, por exemplo, procuradores federais vão se comunicar diretamente com seus homólogos norte-americanos para infringir multas bilionárias da estatal Petrobras por meio da SEC, autoridade reguladora do mercado de capitais norte-americano . Eles o fizeram sem qualquer autoridade constitucional e contornando os mecanismos bilaterais convencionais entre os dois estados. Mais tarde ficou claro que a estratégia era de lucro corporativo, já que parte das multas iria para uma fundação a ser criada pelo Ministério Público Federal para garantir uma fonte adicional de lucro aos investigadores, comprada deliberadamente por autoridades norte-americanas.

É absolutamente necessário que o rio da persecução penal retorne ao seu leito. Cobrar uma reforma que garanta não só o devido processo legal, com fiscalização dos atores judiciais em sua conduta ética e inadequadamente política, mas também a proteção do interesse soberano do Estado, para que o interesse legítimo sobre a integridade administrativa não seja desviado e o governo tornar-se uma arma de guerra para a conquista agressiva de ativos estratégicos, políticos e econômicos.