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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Do El País: Bolsonaro elogia ditador paraguaio Alfredo Stroessner em público



Do El País:


Presidente brasileiro tratou militar, responsável por crimes contra a humanidade, de “estadista”



Jair Bolsonaro nesta terça-feira, em Itaipu (Paraguai).
Jair Bolsonaro nesta terça-feira, em Itaipu (Paraguai).  AFP

O presidente Jair Bolsonaro viajou nesta terça-feira para a fronteira com o Paraguai para anunciar, ao lado de seu homólogo, Mario Abdo Benítez, a nomeação das novas autoridades de Itaipu, a hidrelétrica que os dois países compartilham no rio Paraná. O discurso do brasileiro não foi protocolar: quando ninguém esperava, se desfez em elogios ao ditador Alfredo Stroessner, o homem que com mão de ferro controlou o Paraguai entre 1954 e 1989, responsável por milhares de prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos. A hidrelétrica só foi possível, disse ele, “porque do outro lado havia um homem com visão, um estadista que sabia perfeitamente que seu país, o Paraguai, só poderia continuar progredindo se tivesse energia”. “Então, aqui está minha homenagem ao nosso general Alfredo Stroessner”, acrescentou em português, pouco antes de ficar em silêncio para ouvir os aplausos do público e o olhar imóvel de seu colega paraguaio.


Abdo Benítez assumiu em 15 de agosto do ano passado, depois de uma campanha em que tentou se distanciar de seu passado stroessnerista. Seu pai, Mario Abdo, foi o braço direito do ditador por mais de 30 anos. Bolsonaro parecia confortável diante de seu interlocutor e continuou com citações da Bíblia. “A verdade nos libertará”, disse a Abdo, que insistiu em chamar de Marito, como fazem seus correligionários do Partido Colorado, o movimento político que deu sustentação à ditadura. Para o brasileiro, seu colega paraguaio é “um cristão, conservador, homem de família”. E que por “esses valores” decidiu ir à fronteira para apertar sua mão. “Será um prazer recebê-lo em Brasília nos próximos dias, onde aprofundaremos outras discussões para o bem-estar de nossos povos. Esquerda nunca mais!”, acrescentou o brasileiro. Bolsonaro, capitão reformado, elogiou em várias circunstâncias a ditadura brasileira (1964-1985).
Por sua vez, Abdo agradeceu Bolsonaro pelo encontro e lembrou que vai visitá-lo em 12 de março para promover a construção de duas novas pontes entre os dois países. Também destacou o “importante desafio” que têm pela frente ambas as nações, que em 2023 devem renegociar o tratado bilateral que dispõe sobre a divisão de energia de Itaipu, que desde 1984 fornece 74% de toda a energia consumida pelo Paraguai e 17% da do Brasil. “É iminente, razão pela qual é prioridade agilizar as consultas e os estudos técnicos internos necessários para alcançar resultados que satisfaçam as legítimas aspirações de ambos os países”, disse Abdo.
A agenda energética, no entanto, não foi o destaque do evento. O Paraguai vive um constante debate social pela recuperação e normalização da memória da ditadura, especialmente desde a chegada ao poder de um presidente de sangue stroessnerista. Mário Abdo sempre afirmou que tem poucas lembranças da ditadura porque era muito jovem na época. Mas, ao mesmo tempo, fez vários gestos polêmicos, como quando visitou o túmulo de seu pai no dia da eleição que o levou ao poder. Um grupo de veteranos do Partido Colorado, além disso, pretende trazer dos restos do ditador de Brasília, onde jazem desde sua morte no exílio.
Para a historiadora paraguaia e professora da Universidade Católica de Assunção, Margarita Durán Estragó, cada homenagem que os políticos rendem ao ditador faz sangrar as feridas deixadas pelo stroessnerismo. “A nós que continuamos vivos, machuca muito. Eles se aproveitam de que os jovens não se lembram mais das atrocidades da ditadura porque não viveram o que vivemos. É preciso promover a memória, mas nossos vizinhos tampouco ajudam”, disse a pesquisadora, referindo-se a Bolsonaro. “Quem diria que 30 anos depois da queda de Stroessner teríamos como presidente um rebento do stroessnerismo, o filho do próprio secretário particular do ditador”, acrescentou.
Na semana passada, em uma cerimônia oficial em uma escola por ocasião do primeiro dia de aula, a diretora homenageou o ditador diante do presidente e seus acompanhantes. No início do mês, quando a queda do ditador completou 30 anos, Abdo escapou das perguntas da imprensa com uma gargalhada quando lhe perguntaram sobre o que faria para comemorar a chegada da democracia. O presidente paraguaio não realizou nenhuma cerimônia de acompanhamento ou memória das vítimas e viajou para as comemorações do aniversário de Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil. Ciudad del Este já se chamou Puerto Stroessner, em homenagem ao ditador.
O saldo de 35 anos de ditadura foi muito duro para os paraguaios. Quando um golpe palaciano expulsou Stroessner do poder em 1989, 336 pessoas estavam desaparecidas, 19.862 pessoas haviam sido presas e outras 20.000 haviam sido torturadas. O Governo militar enviou 3.479 paraguaios ao exílio, segundo números da Comissão da Verdade e Justiça que investigou o passado com a chegada da democracia.



Dialogando com o Deus-Comunhão-de-Divinas Pessoas e com o povo, por Leonardo Boff




Silhueta se Deus é um livro singular de alguém que tem um pé no meio do povo e dos pobres e outro pé na universidade e na academia. Fernando Altmeyer Junior é bem conhecido na PUC de São Paulo e em Sapopempa e outras localidades da periferia onde viveu ou trabalhou e ainda trabalha. Possui rigorosa formação acadêmica unida a um sério compromisso com os direitos humanos e a justiça social. Foi importante assessor do Cardeal Dom Paulo Evaristo e move-se bem nas entrevistas em rádios e em programas de televisão. É fascinado por números da história da Igreja antiga e moderna.Para as grandes festas litúrgicas prepara excelentes subsídios numa linguagem que todos entendem e situada na realidade de hoje. Onde aparece traz sorriso, alegria,senso de humor e é capaz de despertar a esperança do mais prostrado. Escrevi o prefácio  ao seu livro, que publico aqui.Recomendo vivamente este belo livro por seu conteúdo moderno e especialmente por sua linguagem clara, leve e até poética: SILHUETAS DE DEUS, Vozes 2019. 

Eis o meu prefácio:
Finalmente um livro sobre o Deus cristão: a Trindade de Divinas Pessoas em eterno amor e infinita comunhão. O autor Fernando Altmeyer tem toda as virtudes para escrever este livro em três partes: Um grande diálogo com o Deus-Abbba; uma prosa com Jesus, o Filho amado e uma carícia do Espírito de Amor, o Espírito Santo.
A singularidade deste livro  reside nisso: não aborda como os manuais as reflexões sobre o Deus cristão que é sempre a Trindade de Divinas Pessoas em comunhão e amor. Ele escreve como ele pessoalmente é: um teólogo e pastor que tomou a sério a opção pelos pobres e sua inserção no meio popular. E encontrou um meio de expressão adequado ao espírito de hoje.
Seus textos mostram alguém que frequentou a academia e ainda frequenta, como professor da PUC-SP mas nunca tirou os pés do meio do povo e da pastoral popular.
O livro revela grande erudição, mas não ostensiva que ofusca o olhar do leitor e da leitora, mas ela está a serviço da mensagem. Frequenta a literatura antiga do Padres da Igreja, dos filósofos gregos e dos escritores romanos. Visita os autores modernos, não só teólogos e pensadores, mas também  escritores da literatura universal e valoriza enormemente as histórias e os diálogos com gente do povo que ele bem conhece.
Não faz grandes tratados  como os já clássicos. Toma temas da vida cotidiana como a festa, a alegria, a felicidade, o silencio interior, as virtudes, a biografia de santos, santas e figuras seminais que nos inspiram até hoje e até um belo comentário à oração antes de dormir “Santo Anjo protetor, meu zeloso guardador…”
Não se recusa a tratar temas espinhosos como o do mal, do ateísmo, de gênero, mas sempre deixando  as portas abertas e uma aura de esperança. Belíssimo é o ultimo capítulo dedicado a São Francisco de Assis e à Senhora Pobreza, possivelmente em homenagem ao Papa Francisco. Há de se sublinhar seu gosto pessoal pelas datas exatas, atrás de cada autor citado e de fatos do passado, com o dia e o ano.
Em tudo há leveza e jovialidade, próprias da personalidade de Altmeyer. Quando chega, traz sorriso, humor inteligente e uma irradiação de alegria de viver, mesmo quando se indigna sobre os escândalos da política e da própria Igreja.
Vale citar um texto que ele toma de um grande teólogo espanhol, Antônio Pagola, que escreveu um dos mais belos livros sobre Jesus de Nazaré e que mostra bem a linha de pensamento e a linguagem de Altmeyer:
“É muito raro em nossos dias ouvir pregar sobre a felicidade. Há tempos que ela desapareceu do horizonte da teologia. Ao que parece, esqueceu-se daquela explosão de júbilo que viveu nas origens o cristianismo e acabamos ficando exclusivamente com as exigências, a lei e o dever. A impressão global que os cristãos dão hoje é de uma fé que estreitaria e angustiaria a vida do homem, que aliena sua ação e mataria seu prazer de viver. A acusação de F.Nietzsche, em geral, é correta: não temos feições de redimidos, parecemos pessoas acorrentadas do que libertadas por seu Deus“(p.38).
Vale ler e meditar  este livro, pois passa pelos principais temas da vida cristã com uma linguagem fluente, elegante e cheia de belos exemplos e metáforas criativas.
Destes escritores precisa o cristianismo de hoje. Temos teólogos e teólogas das várias igrejas cristãs  que escrevem de forma erudita, mas que dificilmente chegam aos leitores e às leitoras da base. Este livro pode significar um desafio aos colegas para que sigam esta linha: sem diminuir a teologia e a reflexão séria, chegar finalmente, pela linguagem fácil e sugestiva, ao coração das pessoas.
Petrópolis 12 de outubro, festa da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida


terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Venezuela: Trump quer guerra pelo petróleo, Bolsonaros desviam atenções...o Brasil na Farsa, entrega. Análise de Bob Fernandes



Do Canal do analista político Bob Fernandes:



Direção Geral: Bob Fernandes Direção Executiva: Antonio Prada Supervisão Criativa: Pio Figueiroa Produção: Pletora Edição e Sonoplastia: Gabriel Edé Câmera e Som: Miguel Breyton Arte e Vinhetas: Lorota FOTOS Craig Faller e Ilques (SOUTHCOM/Divulgação) Craig Faller e Raul Botelho (SOUTHCOM/Divulgação) Caminhonete Ajuda Brasileira (Sebastián Soto) Ernesto Araújo (Marcelo Camargo/Agência Brasil) Mourão (ASSCOM/VPR) Alcides Valeriano de Faria Júnior (Divulgação/Revista Pegasus)

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Levantem-se, mães brasileiras de soldados, contra uma eventual guerra à Venezuela. Por José Carlos de Assis, com introdução de Leonardo Boff

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I - Introdução de Leonardo Boff

Jose Carlos de Assis  é economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB é um dos nossos melhores analistas das políticas econômicas de nosso país. Faz duras críticas ao tipo de capitalismo selvagem no Brasil (nunca foi educado e civilizado) e sua voracidade de acumulação à custa da marginalização da maioria do povo brasileiro. Aqui nos faz um relato da atual situação de um eventual conflito contra a Venezuela, país disputado pelos USA, China e Rússia devido a suas riquezas em petróleo, gás, ouro e outros materiais estratégicos.  A guerra que Trump pretende mover contra Maduro visa menos instaurar uma democracia e mais se apoderar do petróleo (uma das maiores reservas mundiais) e controlar economicamente o país no interesse das empresas norte-americanas. Pretende envolver os países vizinhos com o a Colômbia e inclusive o Brasil. Nossos militares se opõem pois tal conflito nada tem a ver com nosso país. Trata-se de manifestação vergonhosa de vassalagem que o atual governo brasileiro presta à potência norte-americana, à qual se alinha sem qualquer reserva. O alerta de Carlos José de Assis é importante, pois não queremos que nossas mães chorem a morte de seus filhos enviados à guerra contra um país com o qual sempre temos vivido em paz. Seria triste haver aqui em nosso Continente uma espécie de Síria onde se confrontariam três grandes potências (EEUU,Rússia e China)  por causa de interesses que não são nossos. É no sentido de alerta feito pelo autor que publicamos aqui seu texto de 22 de Fevereiro de 2019.  Leonardo Boff

II - Texto de José Carlos de Assis

O Brasil não vai declarar guerra à Venezuela. Se atacar por acidente vai perder. É que não há justificativa moral ou mesmo militar para um ataque a nosso vizinho que nunca nos fez mal. As Forças Armadas da Venezuela estão embaladas por um sentimento nacionalista que tem poucos paralelos numa América Latina que, com raras exceções, presta total vassalagem a Washington. Que dizer de nossas Forças Armadas? Seriam tão nacionalistas ao ponto de atirar seus soldados quase imberbes numa guerra de interesse exclusivo americano?
Os Estados Unidos perderam vergonhosamente a guerra do Vietnã. Do outro lado estava um exército nacionalista disposto a se matar em defesa da pátria. Seus próprios soldados, sem motivação e sem apoio da opinião pública, descontavam sua frustração na maconha e nas deserções. Como conseqüência, o Pentágono mudou as regras do recrutamento. Acabou com alistamento obrigatório e agora paga soldados para matar ou morrer. Assim mesmo as mães dos que foram mortos não tem direito a um funeral público.
Gostaria de saber como, na hipótese de um conflito armado com a Venezuela, nossas Forças Armadas conduzidas por um ministro das Relações Exteriores bufão vão tratar os soldados mortos. Vão escondê-los? Ou vão deixar que as mães os chorem diante da televisão? E os próprios soldados, que motivação terão para lutar? Para defender a democracia na Venezuela? E se descobrirem que a democracia que está realmente em risco é a nossa? E os oficiais, sobretudo aqueles que não estão sob doutrinação cerrada norte-americana?
Lembro-me do que me contava George Cabral, um romântico jornalista comunista que havia se exilado na antiga Checoslováquia nos anos 60, a propósito de uma campanha de mães contra a participação brasileira na guerra da Coréia. Os americanos pressionavam fortemente para isso. Numa grande manifestação de rua, elas gritavam compassadamente: “Os soldados, nossos filhos, não irão para a Coréia!”. Não foram. Naquele tempo, em plena Guerra Fria, havia estadistas no Catete. Agora somos a ralé da diplomacia mundial e só temos bufões no Planalto.
Exclusivamente por culpa norte-americana em sua obsessão de provar hegemonia econômica e militar no mundo, está sendo reconstituído de forma absolutamente imoral o mapa da guerra fria. Lembro-me que, logo após a desestruturação da União Soviética, falava-se em todo mundo nos dividendos da paz. Havia uma esperança geral nesse sentido. Os americanos liquidaram com essas esperanças na medida em que lançaram a OTANC na conquista dos antigos países da esfera soviética para encurralar militarmente a Rússia.
Em poucos anos foram incorporados à OTAN nove países do Leste europeu violando acordos feitos com Gorbachev e Yeltsin. Tentaram também absorver a Geórgia e, com um golpe de Estado financiado pelo Departamento de Estado através de ONGs, a própria Ucrânia, nas costas da Rússia. Nessa altura, a Rússia, uma potência nuclear de primeira linha, havia recuperado também sua capacidade industrial militar convencional. Impediu o cerco ocidental à Geórgia, garantiu os russófilos da Ucrânia e incorporou por plebiscito a Criméia.
Os americanos vociferaram e impuseram boicotes à Rússia mas a situação geopolítica estava configurada: os EUA não mais mandavam no mundo inteiro. Assim mesmo, sob a belicista Hillary Clinton no Departamento de Estado, mataram Kadafi, dividiram a Síria e liquidaram a Líbia – hoje entregue a milícias do petróleo. Agora, aproveitando-se de uma debilidade do governo venezuelano que eles próprios ajudaram a promover com seus boicotes, pretendem trazer a guerra geopolítica do petróleo paras as fronteiras brasileiras.
É surpreendente que a parte mais sensata do atual governo, os militares, não está se dando conta da tragédia que se arma sobre o nosso povo, sem nenhuma razão, fabricada exclusivamente por amadores grotescos que um acidente eleitoral levou ao Planalto. Se não fosse trágico seria simplesmente surrealista. É verdade que ouvi do general Mourão, o vice-presidente, a observação de que o Brasil não entraria em guerra que não fosse para vencer. Se isso representa o pensamento médio dos militares no governo, já é o momento de eles tranqüilizarem a nação de forma mais incisiva.


Levantem-se, pois, mães brasileiras dos soldados que se tornarão bucha de canhão num eventual conflito. Gritem nas ruas, gritem nas igrejas, gritem nas escolas e nas universidades, gritem compassadamente: “Os soldados, nossos filhos, não irão para Caracas!”

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Jovens brasileiros desconhecem as atrocidades da ditadura militar. Por Leneide Duarte-Plon e introdução de Leonardo Boff

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I - Introdução de Leonardo Boff

Leneide Duarte-Plon é conhecida de nosso blog, uma jornalista brasileira vivendo em Paris, comprometida com os destinos do Brasil e da nossa democracia. Escreve regularmente na Carta Capital. Publicamos aqui este texto para nos lembrar das torturas do Estado militar instaurado em 1964.  Criou-se uma organização do esquecimento do que houve de barbaridades no Estado de Terror a ponto de os jovens não saberem nada ou quase nada dos crimes praticados pelos agentes do Estado, Estado este que tem o dever, como Estado, de proteger a vida dos cidadãos.  Toda tortura é aviltante, seja praticada por quem quer que seja, por repressores do Estado autoritário seja por resistentes subversivos. Nossa anistia não puniu os que cometeram crimes contra a humanidade, como foi feito na Argentina e no Chile.  Mas a verdade tem seu brilho próprio. Ela irá ainda brilhar para que todos possam ver os sombrios tempos que tantos conhecidos nossos, amigos/as parente e outros que não aceitavam o sequestro da  liberdade e imposição da severa censura sobre todas as expressões da liberdade. Sofreram nas câmaras de tortura todos os tipos de violência até a eliminação de todos (menos uma mulher) na Casa da Morte, situada em Petrópolis, finalmente desapropriada para ser um lugar de memória e de reflexões sobre direitos humanos e democracia para que seja verdade: “Tortura nunca mais”. Leonardo Boff


II - Texto de Leneide Duarte- Plon

A política deliberada de organização do esquecimento posta em prática pelos militares para apagar as marcas dos crimes da ditadura foi muito eficaz.
A prova mais recente é a eleição de um ex-militar defensor da tortura e de torturadores notórios, com disseminação de mentiras para formatação de cérebros por whatsapp.
Mas ela vem de longa data, essa organização do esquecimento. Ela vem da anistia, imposta pelos militares, mas dissimulada em negociação. Essa anistia foi implantada para organizar uma amnésia generalizada das futuras gerações.
Estarrecida, ouvi em Paris, este ano, um jovem cineasta brasileiro perguntar:
«Mas eles também torturavam padres durante a ditadura?»
A ditadura brasileira foi a mais eficaz na organização do esquecimento. O povo argentino e o povo chileno puderam instaurar processos e julgar responsáveis por crimes de tortura e desaparecimento forçado, considerados imprescritíveis. Mas a ditadura brasileira instaurou, ao contrário, a amnésia generalizada.
Assim, um ex-torturado pode cruzar na rua com seu torturador. As ruas, praças, avenidas e pontes ainda homenageiam generais que organizaram o terrorismo de Estado e morreram em completa impunidade.
O lançamento em Paris do filme «Le silence des autres», documentário hispano-americano de Almudna Carracedo e Robert Bahar, suscitou matérias sobre a dor dos sobreviventes do franquismo que viram seus pais e mães assassinados e os assassinos anistiados em nome da unidade nacional.
«A Espanha foi convencida a renunciar à sua memória, em nome da democracia. A lei de anistia de 1977 se apresentava como uma medida de reconciliação, mas beneficiava apenas aos partidários da ditadura. Os republicanos já tinham sido punidos, por morte, prisão ou exílio. É preciso entender a cólera de um ex-dirigente estudantil por viver a alguns quarteirões de seu torturador ou o desespero da velhinha que sabe onde está enterrado seu pai, em uma fossa comum, mas nunca conseguiu a autorização de lhe dar uma verdadeira sepultura», escreveu esta semana no jornal «Le Monde» o crítico Thomas Sotinel sobre o filme.
O terrorismo de Estado
Sim, a ditadura brasileira torturou padres e um deles, Tito de Alencar, se suicidou na França em 1974, pois não podia mais viver atormentado dia e noite pelas ameaças de seus torturadores nas horas de sono e de vigília. Clarisse Meireles e eu reconstituímos sua vida no livro «Um homem torturado – Nos passos de frei Tito de Alencar», lançado em 2014 pela Civilização Brasileira.
Outro, padre Antônio Henrique Pereira Neto, coordenador da Pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife, um dos assessores do arcebispo dom Helder Câmara, foi sequestrado dia 26 de junho de 1968 pelo Comando de Caça aos Comunistas-CCC, em Recife. Seu corpo foi encontrado no dia seguinte, num matagal da Cidade Universitária, pendurado de cabeça para baixo em uma árvore, com marcas de tortura: espancamente, queimaduras de cigarro, cortes profundos por todo o corpo, castração e ferimento à bala.
Era um recado indireto ao arcebispo de Olinda e Recife. Dom Helder não se acovardou. Denunciou no mundo inteiro a tortura, as prisões políticas e os desaparecimentos políticos do regime militar. Por sua luta pelos direitos humanos foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1970, 1971, 1972 e 1973.
A história de padre Antônio Henrique e de Tito de Alencar e todas as outras atrocidades do terrorismo de Estado implantado durante a ditadura de 1964 devem ser contadas a cada nova geração. Os livros de História são a melhor arma contra a repetição da barbárie, quando não são reescritos pelos que idolatram torturadores.
Mas é necessário reconhecer que a esquerda não fez o necessário trabalho de memória para que as novas gerações conhecessem o terrorismo de Estado da ditadura.
A tentativa desse paradoxal governo militar de viés ditatorial eleito nas urnas de «monitorar» o sínodo dos bispos sobre a Amazônia, que vai se reunir em Roma em outubro, é mais um capítulo da luta pelo controle e neutralização da ala mais progressista e engajada da Igreja Católica, a CNBB, que o capitão-presidente qualificou de «ala podre da igreja».
Este ano ainda, a Igreja Católica pode vir a beatificar Dom Helder Câmara, execrado e censurado pela ditadura, que por quatro anos seguidos se empenhou em uma campanha sórdida de bastidores para que ele não recebesse o Prêmio Nobel da Paz.
Essa história foi levantada por um dossiê da Comissão Dom Helder Câmara da Memória e Verdade de Pernambuco. O dossiê se intitula «Prêmio Nobel da Paz: A atuação da ditadura militar brasileira contra a indicação de Dom Helder Câmara». Comentei em detalhes o assunto em texto a ser publicado na revista Carta Capital.

Será que o Nobel da Paz será influenciado este ano por pressões dos ignaros que dirigem o Brasil, no sentido de impedir a atribuição do prêmio a Lula?
Fonte: Leonardo Boff Wordpress

Religiões, abusos, violências e explorações da fé, por Dora Incontri





O caminho sincero da espiritualidade é autêntico, humano, gradativo, sem ostentação de falsa santidade, sem pretensão de súbita iluminação

Religiões, abusos, violências e explorações da fé

por Dora Incontri (retirado do GGN)

É um pressuposto de qualquer pessoa de fé sincera, que as religiões deveriam melhorar o ser humano, promover o amor, a compaixão, a bondade e a paz. Entretanto, desde sempre, as religiões – e não há nenhuma exceção – têm feito o contrário. Feito o comércio deslavado da fé, da venda das indulgências católicas medievais às vassouras abençoadas dos pentecostais brasileiros. Têm sido o cenário de abusos de toda espécie, sexual, de poder, de opressão. Têm abençoado canhões e provocado guerras, das Cruzadas aos fundamentalistas islâmicos e israelenses. 
Ora, por quê? Jesus não ensinou a amar o próximo? Buda não recomendou compaixão? Os Vedas e o Bhagavad Gita não pregam a ação desinteressada em favor do bem? O Alcorão não se refere a Deus como o Todo-misericordioso? E acima de tudo, as religiões em sua maioria, não nos ensinam a transcendência e, portanto, o desprendimento, ou pelo menos a moderação, diante das ilusões do poder, do luxo e dos prazeres sensuais?
O que se dá então? Muita gente, perplexa com isso, afasta-se de qualquer denominação religiosa ou qualquer forma de espiritualidade, mesmo livre, pelo horror da hipocrisia, dos abusos e da lama histórica que envolve todas as tradições conhecidas.
Entretanto, não se pode jogar tudo na mesma vala. As grandes inspirações religiosas do planeta, como Jesus, Buda, Confúcio, Francisco de Assis, Gandhi, apenas para citar alguns – foram de fato pessoas que vivenciaram uma espiritualidade limpa, elevada, honesta, pacífica, compassiva e continuam contagiando milhões de almas com suas vidas.
Entre as muitas pessoas com quem possamos cruzar em nossas jornadas, em qualquer cultura, país ou religião, encontramos aquelas que irradiam paz, sabedoria, trabalho engajado por um mundo melhor, a partir da inspiração de valores espirituais. Tantas pessoas anônimas, simples, sem projeção social, que são exemplos de fé sincera.
Mas é verdade que na religião, muitas vezes se abrigam celerados da pior espécie, se escondem as taras mais predatórias e as violências mais impiedosas.
Basta ver recentemente as repugnantes denúncias de João de Deus (que de Deus nada tem) e as monstruosas notícias de padres católicos, na Itália e na Argentina que durante mais de 40 anos abusaram de crianças surdas, deixando um rastro de traumas, suicídios e vergonha…
Gosto sempre de lembrar que a única vez em que Jesus foi duro com alguém em sua vida, foi justamente com os fariseus e saduceus – sacerdotes do judaísmo antigo – de duas correntes distintas. A eles, Jesus dirigiu palavras extremas, chamando-os de hipócritas e sepulcros caiados, brancos por fora, mas cheios de podridão por dentro.
O problema é justamente esse. Como a religião propõem um ideal de padrão moral elevado, seja de santidade, dentro do catolicismo; de evolução espiritual, dentro do espiritismo; de iluminação, dentro do budismo – eis que se aproximam pessoas sedentas mais de poder do que santidade, mais de tesão pervertido do que de elevação do espírito, mais de trevas do que de luz e adotam a capa farisaica da bondade artificial.
Criam hierarquias, estabelecem regras, montam estruturas de poder, arvoram-se em gurus, em sacerdotes, em médiuns em estrelato espetacular e sacralizam sua ação, submetem os incautos, abusam dos fieis e são tudo, menos religiosos de fato.
Isso nos leva a uma questão crucial: enquanto as religiões forem encaradas como caminhos de elevação pessoal, autônoma, que podem ser trilhados em comunidades horizontais, não hierarquizadas e não submetidas a nenhuma autoridade – é mais seguro que elas possam de fato contribuir para melhorar o ser humano. Mas quando a instituição se torna mais importante que os seres humanos, as hierarquias mais sólidas que as virtudes, o poder mais atraente do que o serviço ao próximo, então entramos na história repetida de séculos.
Na história do cristianismo, por exemplo, tão largamente estudada, sabemos que enquanto Jesus e um punhado de pescadores andavam pela Palestina e ainda nos primeiros momentos, em que apóstolos devotados percorriam o mundo livremente para divulgar a Boa Nova, havia fraternidade, comunhão, partilha. Mas no decorrer dos séculos, conforme foi se solidificando o sacerdócio, até chegar ao papado lá pelo século V, o cristianismo foi ganhando em ouro e perdendo em amor, foi crescendo em perseguição aos que pensavam diferente e abandonando princípios de compaixão para com todos.
Talvez tudo isso se deva também ao fato das pessoas se aproximarem das religiões, querendo uma santidade forçada, uma iluminação rápida, adotando uma capa para soterrar seu lado sombrio e os impulsos do inconsciente. A moral imposta, que se veste como uma armadura, para conter as pulsões humanas e não para usá-las, e quando necessário transformá-las, de maneira saudável e produtiva, acaba gerando uma legião de pessoas com voz adocicada e veneno no coração.
O caminho sincero da espiritualidade é autêntico, humano, gradativo, sem ostentação de falsa santidade, sem pretensão de súbita iluminação.
Kardec recomendava sermos homens (e mulheres) de bem. Integridade, sinceridade, respeito ao próximo, fraternidade… qualidades que podem ser cultivadas com cuidado, com paciência e sem exibicionismo. O que significa que o ser humano de bem é o que é, e não se esconde atrás de uma falsa imagem de si mesmo. E esse esconderijo pode ser uma inocente simulação de mansuetude, enquanto a pessoa está internamente espumando de raiva ou o extremo de uma vida de crimes hediondos por trás de uma batina ou de uma mediunidade.  
Outro aspecto importante é que em todas as tradições coexistem duas posturas diversas para a melhoria do ser humano. Há o caminho repressor, punitivo – aquele que enfatiza o ser como um pecador, caído, que precisa ser contido. E há o caminho que reconhece a divindade que mora em todos os seres e faz o trabalho de despertar a consciência, fazer jorrar algo de bom que ilumine e não trancafie o que é sombra – que necessariamente vai explodir mais à frente. A luz que habita em nós, se desenterrada, se parida, fulgura e dissolve a nossa própria sombra e se irradia pelo mundo. Lembrando Jesus: “Vós sois a luz do mundo!”
Dentro dessa perspectiva, mesmo os mais celerados e sombrios, o pior abusador ou o pior inquisidor, também podem ser acordados em sua consciência e fazerem nascer sua luz interior. Para visões reencarnacionistas, como a espírita, isso se fará no tempo das múltiplas vidas, mas se fará. Na visão da eternidade, o bem sempre vence e a luz sempre brilha acima.







quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

The Intercept: A blitzkrieg do olavo-bolsonarismo contra a educação está em marcha


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Empunhando simplórias Bic Cristal e com o ar compenetrado de quem acaba de se alistar nos Intocáveis de Eliot Ness, os ministros Ricardo Vélez Rodríguez e Sergio Moro assinaram ontem um documento que o colombiano e discípulo de Olavo de Carvalho vê como o estopim da "Lava Jato da Educação".

O objetivo é "apurar indícios de corrupção, desvios e outros tipos de atos lesivos à administração pública no âmbito (sic) do MEC e de suas autarquias nas gestões anteriores", diz no release.

Trata-se da primeiro sinal concreto emitido por Vélez de que o governo de extrema-direita irá declarar guerra às universidades públicas federais. Até agora, tudo o que o colombiano fizera fora distribuir bravatas. 

Numa já célebre entrevista à Veja, ele contou ter se tornado ministro por indicação de Carvalho – o auto-denominado filósofo e guru do bolsonarismo – por ter "a faca nos dentes para enfrentar o problema do marxismo (sic) no MEC". 

Vélez também disparou o seguinte: "Tem de haver Lei de Responsabilidade Fiscal para os reitores [de federais]. Eles são habitantes deste belo país, também estão submetidos à lei. O CPF deles pode ser rastreado pelo juiz (sic) Sergio Moro, por que não? Querem mais dinheirinho? Paguem as contas".

A que contas se referiu, Vélez não explicou – e nem foi inquirido pela Veja. E é aí que está o problema: ao prometer uma Lava Jato contra as universidades com base em acusações genéricas, o ministro não consegue sequer disfarçar que o objetivo é criar um novo inimigo de estimação para um governo que mal começou e já se vê constrangido por suspeitas graves que envolvem o filho, o partido e o principal cabo eleitoral do presidente.

"Quer dizer que para esse governo a educação superior é uma inimiga? Vai ser assim mesmo?", questionou o reitor de uma das principais universidades federais do país, que me pediu sigilo pelo óbvio temor de retaliações contra a instituição. Nós conversamos essa semana. "Poucas instituições são tão controladas como as nossas. A CGU (Controladoria Geral da União) mora aqui dentro. Isso soa como ameaça. O conteúdo simbólico é muito forte."

Nos últimos anos, multiplicaram-se investigações da Polícia Federal em universidades. A maioria delas desbaratou esquemas criminosos que não tinham participação das reitorias. Mas também avançou-se o sinal. 

No caso mais emblemático, o então reitor da UFSC Luiz Carlos Cancellier de Olivo suicidou-se após ser preso, despido e algemado por uma operação quesequer conseguiu amealhar provas contra ele. A comandante daquela operação, a delegada Erika Mialik Marena, que também fez parte da Lava Jato, não teve qualquer punição. Pelo contrário: ganhou de Moro um cargo no ministério.

De Vélez, como diria o Barão de Itararé, não se podia esperar nada melhor. Ele mesmo já disse que virou ministro para combater o "marxismo do MEC", que na visão infantil do olavo-bolsonarismo atinge seu ápice nas universidades federais, verdadeiros antros de esquerdistas, gays, feministas e maconheiros. Para o presidente e seu ministro da Educação, os universitários brasileiros são os Freak Brothers, o hilário trio de hippies-alternativos-esquerdistas-drogadões criado pelo quadrinista norte-americano Gilbert Shelton.

O que surpreende é ver Sergio Moro aceitar ser instrumento da guerra do olavo-bolsonarismo. O juiz, um fã de quadrinhos visto por seu fã-clube como o Eliot Ness brasileiro, se torna cada dia mais parecido com – para nos mantermos na obra de Shelton – Tricky Prickears, o gambé cego, surdo e ultra-reacionário que persegue os Freak Brothers. Enquanto isso, Flávio Bolsonaro segue debochando do Ministério Público fluminense.
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Enquanto Vélez e Moro assinavam a declaração de guerra às universidades, o novo presidente da Capes, Anderson Ribeiro Correia, determinou novas regras para a abertura de novos cursos de mestrado e doutorado no país, informou a ótima newsletter "Brasil Real Oficial", do jornalista Breno Costa, colaborador do Intercept.

A partir de agora, é preciso provar a “adequação e justificativa da proposta ao desenvolvimento regional ou nacional e sua importância econômico-social”. Para Costa, abriu-se a brecha para que o MEC possa exercer um controle ideológico sobre novos cursos de pós-graduação.

"Mostrar que um curso de engenharia, por exemplo, tem um impacto potencial direto no desenvolvimento regional é fácil. Mas e quanto a cursos na área de sociologia, história, filosofia ou mesmo psicologia?", Costa questionou.

A blitzkrieg do olavo-bolsonarismo contra a educação superior está em marcha.
Senior Contributing Editor

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